sábado, 25 de março de 2017

o meu amor é um íman na porta do frigorífico




Senta-te e limpa os lábios. 
Acende cada uma das lâmpadas
 Dos meus olhos, 
 Passa a tua mão, a mais nova, 
 Sobre a minha testa. 

 Deixa-me com a noite colada às têmporas, 
 Crisálidas saindo pela boca 
 Como um deus egípcio; 
Quando a manhã chegar 
 Mil anos de terra e esquecimento
 Tornar-me-ão amante por superstição, 
 Aquele que por medo evocarás
 Quando passeares o cão no jardim. 

 Antes de partires deixa o mapa, 
 Em rima cruzada, suspenso 
 Na porta do frigorífico.
 O amor não é um íman. 








Nunes da Rocha